Texto INFORMAÇÃO Nº 082/2011 – GCPJ/SUNOR
....., empresa estabelecida na ....., inscrita no CNPJ sob o nº ..... e no Cadastro de Contribuintes do Estado sob o nº ....., formula consulta sobre procedimentos fiscais a adotar por contribuinte mato-grossense optante do Simples Nacional nas saídas industrializadas do produto querosene, cujas entradas foram submetidas à sistemática do ICMS Substituição Tributária.
Para tanto, a consulente expõe que é optante do Simples Nacional e possui atividade industrial, e que, ainda, adquire o produto “querosene” sob a classificação fiscal 2710.19.19 da NCM (Nomenclatura da Classificação da Mercadoria).
Informa, ainda, que adquire o referido produto a granel de uma distribuidora interna, ou seja, no âmbito do Estado de Mato Grosso, bem como de indústria de outro Estado e que, posteriormente embala, rotula e comercializa o referido produto para uso doméstico sob a classificação fiscal 2710.19.11 da NCM.
Salienta, ainda, que o produto “querosene” é derivado de petróleo e conforme o previsto no artigo 297 do Regulamento do ICMS, o imposto correspondente deve ser recolhido de forma antecipada através do ICMS Substituição Tributária. Portanto, entende que na aquisição do citado produto de outro Estado ou internamente, o ICMS já foi recolhido anteriormente, ou seja, já foi pago.
Ao final, efetua, ainda, os seguintes questionamentos:
1- Como deverá ser a cobrança do imposto nas aquisições deste produto quando oriundos de uma distribuidora para o contribuinte?
2- Como deverá ser a cobrança do imposto nas aquisições deste produto quando oriundos de uma indústria para o contribuinte?
3- O contribuinte está obrigado a efetuar a substituição tributária quando das saídas internas no Estado mesmo quando o imposto do produto foi recolhido antecipadamente por Substituição Tributária quando da aquisição interestadual ou interna do mesmo?
4- Sendo afirmativa a resposta anterior, a empresa fará jus ao aproveitamento do crédito referente ao ICMS recolhido por Substituição Tributária na posterior saída dos produtos, considerando que a consulente é optante pelo Simples Nacional?
5- Na situação contrária, ou seja, caso a resposta seja negativa, como deve ser emitida a nota fiscal referente às saídas dos produtos? Haverá o encerramento da cadeia tributária?
6- Como será o recolhimento do ICMS no Estado de Mato Grosso nas operações de saídas realizadas pelo contribuinte, considerando os pontos acima destacados?
É a consulta.
Preliminarmente, incumbe informar que consultado o Sistema de Cadastro de Contribuintes desta SEFAZ verificou-se que a empresa, de fato, é Optante pelo Simples Nacional, todavia consta que a mesma está enquadrada na CNAE - Classificação Nacional de Atividade Econômica (principal) 4684-2/99 - Comércio Atacadista de outros produtos químicos e petroquímicos não especificados e sem registro de CNAE (secundária), e, portanto, não possui a CNAE de indústria como destacou a consulente.
Ainda na preliminar, esclarece-se que a Lei Complementar nº 123/2006, que instituiu o Simples Nacional, em seu artigo 13, exclui dessa sistemática o regime de ICMS Substituição Tributária e o de antecipação do recolhimento do imposto, nas aquisições em outros Estados e Distrito Federal, conforme dispõe:
No entanto, em se tratando de operações com lubrificantes e combustíveis derivados de petróleo, além do artigo 297 citado pela consulente, há que se observar também o previsto na legislação abaixo citada:
Entretanto, o inciso III do artigo 291 do RICMS/MT, dispensa a retenção do imposto nas operações de compra de produtos para serem integrados no processo de industrialização. Diz o artigo:
Por outro lado, conforme será verificado a seguir quando da entrada do produto no Estado, a operação ficará sujeita ao regime de ICMS Estimativa por Operação.
Assim, quanto ao tratamento tributário aplicado ao produto adquirido em outra Unidade da Federação ou internamente, convém esclarecer o que segue:
I- Da aquisição do produto em outro Estado:
Nas aquisições do produto “querosene” pela consulente de indústria de fora do Estado de Mato Grosso, cabe informar que tais operações estariam sujeitas ao recolhimento do ICMS GARANTIDO NORMAL, na forma prevista nos artigos 435-L a 435-O do Regulamento do ICMS deste Estado, sendo que o artigo 435-L dispõe:
O lançamento do ICMS Estimativa por Operação substitui os regimes de recolhimentos previstos nos artigos 435-L (Garantido normal) e 435-O-1 (Garantido integral) e do Anexo XIV do Regulamento do ICMS deste Estado, englobando, em única exigência tributária, o montante apurado a título de antecipação do ICMS Garantido, ICMS Garantido Integral, ICMS devido a título de substituição tributária e diferencial de alíquota por imobilização ou consumo.
Não obstante, por se tratar de empresa optante pelo Simples Nacional, a consulente fará jus ao benefício fiscal correspondente a carga tributária final, que será ajustada conforme dispõe o artigo 47 do Anexo VIII do RICMS/MT, que assim estabelece:
II- Da aquisição do produto no âmbito do Estado (internamente):
No que tange à aquisição do produto “querosene” internamente, ou seja, de distribuidora interna do Estado de Mato Grosso, faz-se necessário salientar que, nas referidas aquisições, o imposto já foi retido anteriormente pelo regime de ICMS Substituição Tributária, e, portanto, na referida operação não haverá cobrança de imposto. Vale salientar que a consulente não fará jus à apropriação de crédito, conforme o previsto no artigo 23 da Lei Complementar 123 de 2006, que assim dispõe:
Quesito 1 –
Conforme já mencionado anteriormente, no tocante às aquisições internas do produto “querosene” de distribuidora do Estado de Mato Grosso, não há cobrança de imposto na referida operação, e, ainda, a consulente não faz jus ao aproveitamento de crédito, uma vez que a empresa optante pelo Simples Nacional, nos termos do artigo 23 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006
Quesito 2 –
No que se refere às aquisições interestaduais do produto querosene pela consulente, para ser empregado em processo industrial, referidas operações interestaduais se submetem ao regime de recolhimento de ICMS Estimativa por Operação, bem como ao benefício de redução na carga tributária final, nos termos do previsto nos artigos 87-J a 87-J-4 das Disposições Permanentes combinado com o artigo 47 do Anexo VIII, ambos do Regulamento do ICMS deste Estado.
Cumpre salientar que nas aquisições interestaduais do referido produto não caberá o aproveitamento do crédito do imposto, uma vez que conforme já visto anteriormente, não há incidência do ICMS nas operações interestaduais com petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e, ainda, pela vedação ao aproveitamento do crédito ao contribuinte optante pelo Simples Nacional.
Quesito 3 –
A resposta é afirmativa, ou seja, a consulente está obrigada a efetuar a substituição tributária quando das saídas internas do produto industrializado quando houver saída subseqüente pelo adquirente.
Inicialmente, reitera-se que a retenção do imposto por Substituição Tributária nas aquisições interestaduais de produtos para serem integrados no processo de industrialização é dispensada, conforme o previsto o previsto no inciso III artigo 291 do RICMS/MT.
Portanto, a empresa consulente deve comunicar aos seus fornecedores de que aqueles produtos destinam-se a integrar o processo produtivo; não se sujeitando à retenção e recolhimento antecipado do ICMS Substituição Tributária.
Porém, no que concerne às operações interestaduais, se o referido imposto foi retido e recolhido indevidamente pelo fornecedor na operação interestadual, a legislação estabelece que este poderá ser objeto de ressarcimento ou restituição.
A forma de ressarcimento se aplica nos casos em que o fornecedor é credenciado neste Estado como substituto tributário, conforme o previsto no artigo 296-B das Disposições Permanentes do RICMS/MT.
De sorte que, não sendo o fornecedor credenciado como substituto tributário neste Estado, a consulente poderá pleitear a restituição (da parcela retida) nos termos do artigo 541 e artigo 296-F, ambos das Disposições Permanentes do Regulamento deste Estado.
Abaixo transcreve-se a legislação supracitada:
Vale destacar que, conforme visto anteriormente, o artigo 23 da Lei Complementar 123/2006 estabelece que as microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional não fazem jus ao aproveitamento do crédito e o referido tratamento se aplica tanto na aquisição do produto “querosene” internamente, como na operação interestadual.
Quesito 4 –
Entende-se que a mesma já foi respondida no quesito anterior.
Quesito 5 –
A Nota Fiscal deverá ser emitida, sem destaque para os campos relativos à base de cálculo e ICMS da operação própria, na forma indicada pela legislação que trata do Simples Nacional, conforme o previsto no artigo 2º da Resolução CGSN nº 10/2007.
No que se refere à condição de substituta tributária, a consulente deverá indicar nos campos próprios da Nota Fiscal, os valores relativos à base de cálculo e ao imposto retido a título de substituição tributária, também, nos termos do artigo 2º da Resolução CGSN nº 10/07, reproduzido abaixo:
Quesito 6 –
Como visto anteriormente, no tocante ao recolhimento do imposto nas aquisições interestaduais, o contribuinte deverá recolher o imposto pela modalidade do ICMS Estimativa por Operação, conforme legislação mencionada anteriormente e nas operações de saídas dos produtos industrializados pelo contribuinte, a consulente se submete ao regime de retenção e recolhimento do ICMS Substituição Tributária se os adquirentes dos produtos destinarem os mesmos para revenda.
No que concerne ao recolhimento do imposto nas aquisições internas, não haverá imposto a recolher por tais operações, contudo nas operações de saídas dos produtos industrializados, a consulente se submete ao regime de ICMS Substituição Tributária correspondente às vendas para contribuintes, nos casos em que haverá operações subseqüentes internas.
Vale dizer que nas operações das saídas dos produtos industrializados, a consulente deverá recolher o imposto pelas obrigações próprias, de acordo com a legislação do Simples Nacional mediante cálculo no Programa Gerador do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (PGDAS), ou seja, nos termos do previsto no inciso V do artigo 3º, combinado com o inciso V do artigo 6º da Resolução CGSN nº 51, de 22 de dezembro de 2008, independentemente se o produto “querosene” foi adquirido em operação interestadual ou interna.
Por fim, cabe acrescentar que a consulente deverá solicitar junto à GCAD (Gerência de Informações Cadastrais) a alteração cadastral do CNAE principal ou inclusão de CNAE secundário para indústria, conforme o previsto no artigo 8º da Portaria 114 de 30/12/2002, que estabelece:
Decorrido o prazo fixado, a empresa estará sujeita a lançamento de ofício, nos termos do artigo 528 do Regulamento do ICMS deste Estado, aprovado pelo Decreto nº 1.944, de 06/10/89.
É a informação, submetida à superior consideração, que, em sendo aprovada sugere-se, a remessa de cópia desta informação à Gerência de Informações Cadastrais - GCAD da Superintendência de Informações sobre Outras Receitas – SIOR e Gerência Fiscalização do Segmento de Combustíveis e Bio Combustíveis – GFSC da Superintendência de Fiscalização - SUFIS, por se tratar de matéria afeta a essas unidades.
Gerência de Controle de Processos Judiciais da Superintendência de Normas da Receita Pública, em Cuiabá – MT, 18 de maio de 2011.
De acordo: