Órgão Consultivo

Categoria: Informações em Processos de Consulta
Número:186/2011
Data da Aprovação:11/25/2011
Assunto:FETHAB
FAMAD
Madeira
Sujeição Passiva


Nota Explicativa :
Nota: " Os documentos contidos nesta base de dados têm caráter meramente informativo. Somente os textos publicados no Diário Oficial estão aptos à produção de efeitos legais."

Texto

......., estabelecida na ......, inscrita no CNPJ sob o nº ......, no CCE/MT com o nº ........ e CNAE 1622-6/02 - Fabricação de esquadrias de madeira e de peças de madeira para instalações industriais e comerciais, optante pelo Simples Nacional e pelo Regime Mato-Grossense de Estimativa Simplificado; em síntese, indaga sobre a contribuição ao FETHAB nas operações com madeira.

Expõe que:

A empresa produz porta de madeira e compensado.

Vende esses produtos em operações internas e interestaduais e está recolhendo o FETHAB na saída.

Adquire de indústrias a matéria prima: resíduo de madeira, madeira serrada e madeira laminada, essas entradas vem sem o recolhimento de FETHAB.

Entende que a incidência do FETHAB é monofásica, devendo ser recolhido na entrada.

Formula os seguintes questionamentos:

1) Está correta a entrada de matéria prima adquirida de indústrias sem incidência de FETHAB?

2) Está correta o recolhimento de FETHAB na saída?

3) Em qual fase incide o FETHAB?

É a consulta.

Para esclarecer às dúvidas da consulente, transcreve-se trechos da legislação, quais sejam:

· Regulamento do ICMS/MT, aprovado pelo Decreto nº 1.944, de 06 de outubro de 1989:

· Lei nº 7.263, de 27 de março de 2000, consolidada até a Lei nº 9.285/2009, que cria o Fundo de Transporte e Habitação – FETHAB, que fixa obrigações para os contribuintes que promoverem saídas de produtos agrícolas e da pecuária e a exploração dos recursos minerais indicados nas condições que especifica, e que nesta data, tem a seguinte redação: · Decreto nº 1.261/2000, que regulamenta a Lei 7.263/2000, no que se refere à Seção IV que trata Do Recolhimento da Contribuição Devida nas Operações com Madeira: · Documento, da Superintendência de Gestão Florestal/SEMA, disponível em http://www.sefaz.mt.gov.br/portal/Tributario/PDF/madeiras.pdf, quanto à explicação da nomenclatura empregada nos procedimentos fitossanitários da madeira; pois essa mesma terminologia é utilizada pelas Portarias SEFAZ/MT nas Listas de Preços Mínimos para os produtos oriundos da Indústria Florestal e Extrativa Vegetal:

a- Madeira serrada: aquela que passou somente por um estágio de industrialização, ou seja, a resultante do desdobramento da tora, aparelhada ou não;

b- Madeira beneficiada: aquela que, a partir da madeira serrada, passa por outro estágio, já servindo de insumo para produtos específicos, embora não seja o produto final acabado;

c- Madeira industrializada: aquela que já tem seu uso definido como produto final acabado (ex. portas, janelas, rodapés, cabos de vassoura... etc.).

Com relação à aplicação dos dispositivos acima transcritos e para fins de identificação dos responsáveis pelo recolhimento da contribuição FETHAB, esta Gerência entende que:

Suponha que a cadeia de comercialização e industrialização da madeira in natura e dos produtos resultantes de seu processamento seja formada pelos seguintes estabelecimentos mato-grossenses:
Contribuinte A
Produtor ou Extrator que vende a madeira in natura
Contribuinte B
Industrial que adquire a madeira in natura e a transforma em madeira serrada e beneficiada
Contribuinte C
Industrial que adquire a madeira serrada e/ou beneficiada para fabricar produto final (portas, compensados, etc.)
Contribuinte D
Comercial que adquire o produto final (portas, janelas, etc.) ou que adquire a madeira serrada e/ou beneficiada para revender.
Para fins de identificação dos responsáveis pelo recolhimento do ICMS e das contribuições ao FETHAB e ao FAMAD, presuma as seguintes operações efetuadas entre os contribuintes acima referidos:
Operações
Responsável pelo Recolhimento
ICMS
FETHAB Madeira
FAMAD
Produtor A vende para Industrial B a madeira in natura Produtor A poderá optar por vender com diferimento (b, III, Art. 333, RICMS/MT), então o ICMS diferido deve ser recolhido pelo Industrial B na saída subseqüente do produto.Não-incidência (§9º, Art. 7º, Lei nº 7.263/2000) Na entrada pelo Industrial B (Art. 7º, Lei nº 7.263/2000) porque a não-incidência prevista no §9º, Art. 7º, Lei nº 7.263/2000 não alcança a contribuição ao FAMAD.
Industrial B vende para Industrial C madeira serrada ou beneficiada, que por sua vez, irá fabricar produto finalIndustrial B (c, III, Art. 333, RICMS/MT) A saída do Industrial B estará amparada pelo não recolhimento (§2º, Art. 21-A, Decreto nº 1.261/2000) quando a madeira serrada é destinada à industrialização pelo destinatário.
Então a contribuição FETHAB deve ser recolhida pelo Industrial C na saída do produto fabricado.
Tributação encerrada, se recolhido pelo Industrial B, na entrada, com fundamento no Artigo 7º da Lei nº 7.263/2000.
Industrial B vende para Comercial D madeira serrada ou beneficiada, que por sua vez, irá revender a madeira serrada.Industrial B (Normal + Substituição Tributária) na saída.Industrial B (§1º, Art. 21-A, Decreto nº 1.261/2000) na saída.Tributação encerrada, se recolhido pelo Industrial B, na entrada, com fundamento no Artigo 7º da Lei nº 7.263/2000.
Operações
Responsável pelo Recolhimento
ICMS
FETHAB Madeira
FAMAD
Industrial C vende para Comercial D produto final (portas, compensados, etc.)Industrial C (Normal + Substituição Tributária) na saída do produto fabricado.Industrial C deve recolher a contribuição FETHAB sobre a madeira serrada recebida do Industrial B com o não recolhimento da contribuição com base no §2º, Art. 21-A, Decreto nº 1.261/2000.Tributação encerrada, se recolhido pelo Industrial B, na entrada, com fundamento no Artigo 7º da Lei nº 7.263/2000.
A consulente informou que “adquire de indústrias a matéria prima: resíduo de madeira, madeira serrada e madeira laminada, sendo que essas entradas vêm sem o recolhimento de FETHAB”; assim, ante todo o exposto, e partindo do pressuposto de que a consulente, na qualidade de industrial adquire de outro industrial (que, por sua vez, adquiriu as toras de produtor, com diferimento do ICMS e não incidência da contribuição FETHAB), a contribuição ao FETHAB há que ser recolhida pela consulente, por força do §1º do artigo 21-A do Decreto nº 1.261/2000; pois como visto acima:

- o produtor rural poderá vender a madeira in natura ao industrial com diferimento do ICMS e com a não-incidência da contribuição ao FETHAB sob o amparo do §9º do artigo 7º da Lei nº 7.263/2000;

- já o industrial que adquiriu do produtor a madeira in natura e a transformou em madeira serrada e/ou beneficiada pode vender:

(a) para outro industrial que irá transformar a madeira serrada e/ou beneficiada na fabricação em outra mercadoria (portas, janelas, etc.) com incidência do ICMS e com não recolhimento da contribuição ao FETHAB, sob o amparo do §2º do artigo 21-A do Decreto nº 1.261/2000; e

(b) para estabelecimento comercial, que por sua vez irá revender a madeira serrada e/ou beneficiada para outro industrial que irá empregar essa madeira na fabricação de outra mercadoria (portas, janelas, etc.) com incidência do ICMS e com recolhimento contribuição ao FETHAB, por força do §1º do artigo 21-A do Decreto nº 1.261/2000.

Com relação ao conceito de recolhimento monofásico das contribuições ao FETHAB e ao FAMAD, vigente a partir de 01.07.2009, o entendimento é de que estas contribuições não podem incidir mais do que uma vez em toda cadeia de comercialização.

Isto anotado, responde-se às questões formuladas:

Questão 1:

A entrada de madeira serrada, beneficiada, etc., no estabelecimento da consulente, proveniente de estabelecimento industrial mato-grossense, poderá ocorrer sem o recolhimento da contribuição FETHAB conforme §2º do artigo 21-A do Decreto nº 1.261/2000.

O recolhimento da contribuição FETHAB devida pela operação acima, deve ser efetuada pela consulente por força do §1º do artigo 21-A do Decreto nº 1.261/2000, por ocasião da saída do produto fabricado (porta de madeira e de compensado).

Questão 2:

Sim, por força do §1º do artigo 21-A do Decreto nº 1.261/2000, está correto o recolhimento da contribuição FETHAB pela consulente na saída de mercadorias produzidas pela consulente com emprego da madeira serrada e/ou beneficiada adquirida de industrial mato-grossense (sem o recolhimento dessa contribuição sob o amparo do §2º do artigo 21-A do Decreto nº 1.261/2000).

Questão 3:

A contribuição ao FETHAB Madeira deve ser recolhida quando a madeira deixa ser in natura (ou seja, quando se transformou em madeira serrada e/ou beneficiada) e o adquirente destinar à revenda.

No entanto, quando a madeira serrada e/ou beneficiada será utilizada como matéria-prima na fabricação de outros produtos, a operação poderá ocorrer sem o recolhimento da contribuição FETHAB como estabelecido no §2º do artigo 21-A do Decreto nº 1.261/2000.
Para facilitar o entendimento, elabora-se abaixo, o resumo do que foi exposto:
Operação
De
Para
ICMS / FETHAB / FAMAD
Saída interna de madeira in natura (toras)Produtor ou ExtratorIndustrial (para industrialização)ICMS: Diferido
FETHAB: Não incidência
FAMAD: Deve ser recolhido pelo industrial
Saída interna de madeira in natura (toras)IndustrialComercial (para revenda)ICMS: Devido pelo industrial
FETHAB: Não incidência
FAMAD: Tributação encerrada (se recolhido na 1ª operação)
Operação
De
Para
ICMS / FETHAB / FAMAD
Saída interna de madeira in natura (toras)Comercial Industrial (para industrialização)ICMS: Devido
FETHAB: Não incidência
FAMAD: Tributação encerrada (se recolhido na 1ª operação)
Saída interna de madeira serrada e/ou industrializadaIndustrialIndustrial (para industrialização)ICMS: Devido
FETHAB: Não recolhimento
FAMAD: Tributação encerrada (se recolhido na 1ª operação)
Saída interna de madeira serrada e/ou industrializadaIndustrialComercial (para revenda)ICMS: Devido
FETHAB: Devido pelo industrial que processou a madeira in natura quando o adquirente destinar a madeira serrada para revenda.
FAMAD: Tributação encerrada (se recolhido na 1ª operação)
Saída interna do produto fabricado com a madeira serrada (ex. porta)Industrial Comercial (para revenda) ou para o Consumidor Final.ICMS: Devido
FETHAB: Devido pelo industrial que produziu o produto final.
FAMAD: Tributação encerrada (se recolhido na 1ª operação)
É a informação, submetida à superior consideração.

Gerência de Controle de Processos Judiciais da Superintendência de Normas da Receita Pública, em Cuiabá – MT, 25 de novembro de 2011.


Aparecida Watanabe Yamamoto
FTE - Matrícula 383.290.015


De acordo:

Andréa Martins Monteiro da Silva
Gerente de Controle de Processos Judiciais

Mara Sandra Rodrigues Campos Zandona
Superintendente de Normas da Receita Pública